- “O intercessor não é aquele que somente faz à Deus
uma oração de pedidos. Não. Ele conhece o coração de Deus. E porque o
ama e sabe que é amado por Ele, nesse amor, ele atinge o coração de
Deus, através da intercessão que se torna um humilde diálogo de amor.”
Escrever sobre o ministério de intercessão é, para mim, uma grande
alegria, dado que nutro um grande amor a este ministério, que acredito
ser o sustentáculo das grandes obras que Deus realiza no meio do seu
povo. Este ministério é como o alicerce de um grande edifício, que não é
viso nem admirado, mas sem o qual o edifício não poderia erguer-se.
Eu creio que este artigo será de grande esclarecimento e importância
para todos os que lideram comunidades e desempenham este ministério
dentro do trabalho que o Senhor os chama a realizar.
Leia este artigo com o desejo de que o Espírito Santo venha revelar no
seu coração as verdades mais profundas, porque muito mais do que aqui
está escrito o Senhor tem a falar no seu coração.
O QUE É MINISTÉRIO DE INTERCESSÃO
Quando, há algum tempo atrás, eu comecei a questionar o que era o
ministério, eu pedi ao Senhor que me esclarecesse verdadeiramente o que é
da sua vontade no que se refere a ministério na espiritualidade da
Renovação Carismática. O Senhor me fez entender primeiramente que há uma
diferença muito grande entre dom e ministério, coisa que muitas pessoas
confundem bastante.
Possuir um ministério do Senhor não é a mesma coisa que receber um dom
do Espírito Santo. Para que recebamos os dons do Espírito Santo, nós
precisamos ser abertos às moções e inspirações que este Espírito suscita
em nós. Para possuirmos um ministério do Senhor, é preciso que este nos
seja dado por Jesus que deseja que nós desempenhamos uma missão
especial em seu Nome.
Em I Cor 12,4-5 encontramos o seguinte texto: “Há diversidade de dons,
mas o Espírito é o mesmo; há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o
mesmo”. Refletindo sobre este texto vamos entender que os dons são
manifestações do Espírito para proveito da comunidade, naquele momento
de necessidade, enquanto que o ministério é algo dado pelo Senhor Jesus,
que envia os seus discípulos a desempenhar missões; missões estas que
são bem específicas dentro do seu corpo, que é sua Igreja.
Quando estamos reunidos em nossas comunidades, grupos de oração, grupos
de partilha, etc. no momento que oramos, precisamos e devemos estar
abertos às moções do Espírito Santo que pode naquele momento estar
desejando que profetizemos, ou que digamos uma palavra de ciência para a
cura interior de alguém do grupo. Mas, tão somente porque alguém esteve
aberto a estes dons, não implica dizer que ele tenha o ministério de
profetizar, ou o ministério de cura interior.
Em Jer 1,5 vamos encontrar um trecho que nos esclarece muito mais a
cerca da diferença entre o Dom e o ministério: “O Senhor disse a
Jeremias: ‘Antes mesmo de te formar no ventre de tua mãe, eu te conheci,
antes que saísses do seio, eu te consagrei. Eu te constituí profeta
para as nações’”. E é isso o ministério carismático. O Senhor desde toda
eternidade já conhecia Jeremias, desde toda eternidade também já o
havia consagrado ao ministério da profecia. Observemos que Jeremias era
ungido e enviado pelo Senhor a ser profeta, não como um dom que iria se
manifestar através dele numa hora de necessidade, mas como ministeriado.
Era pelo serviço dele no ministério profético que iria ser reconhecido
no meio do povo como homem de Deus. Porém, se formos ler a profecia de
Jeremias na Bíblia, vamos encontrar este profeta, por várias vezes,
usando os dons do Espírito Santo para bem desempenhar o seu ministério.
Um pequeno trecho que melhor ilustra este fato encontramos em I Reis
19,19-21 e II Reis 2,15 quando o profeta Elias unge Eliseu para que ele
exerça o ministério da profecia no seu lugar. No exercício do ministério
profético, Eliseu utiliza os dons de milagres (II Reis 2,19) e cura (II
Reis 5,1-15), mas o seu ministério é o de Profecia, que para melhor ser
desempenhado precisa da graça do Espírito Santo através dos seus dons.
Assim sendo, o ministério de intercessão é um ministério que o Senhor dá
a algumas pessoas a fim de que estas possam ser intercessoras pelas
causas do Reino de Deus. As pessoas que exercem este ministério são
escolhidas, eleitas, como foi o profeta Jeremias (Jr 1,5), antes que no
seio materno fosse formado.
Este ministério de intercessão, como os outros ministérios do Senhor,
está dentro do seu coração e o Senhor abençoa aqueles que ele são
chamados com todas as bençãos necessárias para o seu bom desempenho.
QUEM É O INTERCESSOR
A palavra interceder significa “colocar-se entre”, ou seja, o
intercessor e aquele que se coloca entre aquele que pode dar e aquele
que deseja receber. No caso do ministério de intercessão, o intercessor é
aquele que se encontra entre Deus Pai e a sua criação. Ele é como um
advogado no Reino de Deus, um advogado de defesa, que defende as causas
do Reino.
Na Bíblia, vamos encontrar muitos personagens com características de
intercessores e exercendo fielmente este papel. Em Ex 34, 8-9 vamos
encontrar Moisés intercedendo pelo povo de Israel: “Moisés inclinou-se
incontinente até à terra e prostrou-se dizendo> ‘Se tenho o vosso
favor, Senhor, dignai-vos marchar no meio de nós: somos um povo de
cabeça dura, mas perdoai-nos as nossas iniquidades e nossos pecados e
aceitai-nos como propriedade vossa’”. O povo de Israel havia cometido o
grande pecado de adorar o bezerro de ouro, proclamando-o seu Deus.
Sabendo disso, Moisés, como escolhido, chamado, eleito por Deus para
dirigir seu povo, diz para o Senhor assim: “Senhor, se tenho vosso
favor...”. Esta oração de Moisés não tem mais sentido para nós próprios,
mas pedimos em nome de Jesus e a oração dos intercessores é assim:
“Senhor, em nome de Jesus, que tem o teu favor, concede-me...”
Como Moisés, hoje em nosso grupos precisamos ser esses intercessores que
se colocam aos pés de Deus a fim de interceder pelo povo pecador.
Nossos grupos, nossas comunidades necessitam urgentemente dessas
sentinelas que estejam a colocar-se entre Deus e a sua Igreja pecadora.
O intercessor não é aquele que somente faz a Deus uma oração de pedidos.
Não. Ele conhece o coração de Deus. E porque o ama e sabe que é amado
por Ele, nesse amor, ele atinge o coração de Deus, através da
intercessão que se torna um humilde diálogo de amor.
O intercessor apropria-se das palavras da Escritura que trazem as
promessas de salvação e restauração. Ele conhece o Senhor pela oração e
pela Escritura e é aí que está o segredo dessa intimidade entre Deus e o
intercessor; intimidade esta que faz com que todos os pedidos dos
intercessores atinjam o coração de Deus, pois são feitos por meio de
Cristo Jesus para glória de Deus Pai.
INTERCESSÃO, UM MINISTÉRIO DE CONSOLAÇÃO
No Evangelho de São João 12,1-12 vamos nos deparar com um jantar, na
cidade de Betânia, na casa de Lázaro, Marta e Maria. Este trecho vem nos
mostrar o episódio em que Maria tem um perfume de nardo puro e derrama
aos pés de Jesus. Ora, Maria tinha o coração inflamado de amor por
Jesus, e no seu amor insensato, eufórico, ela desejava consolar o
coração de Jesus que já se encontrava triste por sua paixão que se
aproximava.
Os convidados não foram capazes de entender a atitude de Maria e se
limitaram a simplesmente criticar sua atitude, por causa do estrago que
ela fazia em derramar aquele perfume, pois o mesmo poderia ser vendido e
o dinheiro poderia ser aplicado em algo mais valioso do que os pobres
pés cansados e calejados de Jesus. Mas para Maria não era assim. Ela
amava Jesus e o amor fazia com que ela ficasse na expectativa das
necessidades de Jesus e por isso, derramar o nardo puríssimo e
preciosíssimo aos seus pés era o que de mais coerente ela poderia fazer,
pois ela sabia que, com aquele gesto de amor, consolaria o coração do
Senhor.
E isso é intercessão. Nesta fase da vida de Jesus, nada agradou tanto o
coração do Pai como a atitude de Maria, pois ela se colocava entre o
coração dolorido do Pai, por ter que cumprir seu plano de Salvação em
Jesus, e o povo pecador que não merecia esta salvação. Maria através de
sua intercessão, mostrou aos céus que a entrega de Jesus valeria a pena
para a humanidade, pois tudo o que ela fazia era mostrar o seu amor a
Jesus. E Deus retribui todo esse amor a Maria, pois a intercessores como
ela o Pai nada lhes nega.
São esses intercessores, que estão muito mais preocupados com Jesus do
que com os problemas, que verdadeiramente conhecem seu coração aflito e
consola-o, e só lhe dirigem preces que entram em profundo acordo com a
sua vontade.
Os verdadeiros intercessores precisam deixar os seus corações
inflamarem-se por este amor que deixa-os totalmente dependentes de Jesus
e na expectativa de seus desejos.
Em nossos grupos, comunidades, precisam urgentemente aparecer novas
Marias de Betânia que fiquem aos pés de Jesus para lhes consolar o
coração e se coloquem aos pés da cruz, ao lado de Maria Santíssima,
vítimas de expiação juntos com Jesus sofredor, pelos pecados do mundo
inteiro.
Foi isso que pessoas como Santa Margarida Maria Alacoque, Irmã Faustina,
Santa Terezinha do Menino Jesus e muitos outros santos da Igreja
entenderam e por isso foram grandes intercessores pelas causas do Reino.
O MINISTÉRIO DE INTERCESSÃO NA BÍBLIA.
O livro do Gênesis nos mostra Abraão, que se coloca como intercessor
entre Deus e os habitantes de uma cidade que deveria ser destruída por
causa de seus pecados. Em Gn 18,16-33 lemos: “Os homens levantaram-se e
partiram na direção de Sodoma, e Abraão os ia acompanhando. O Senhor
disse então: Acaso poderei ocultar a Abraão o que vou fazer? (...) os
homens partiram, pois, na direção de Sodoma, enquanto Abraão ficou em
presença do Senhor. Abraão aproximou-se e disse: Fareis o justo perecer
com o ímpio? Talvez haja cinqüenta justos na cidade: fá-los hei perecer?
Não perdoareis a cidade, em atenção aos cinqüenta justos que nela
podereis encontrar? Não, vós não podereis agir assim, matando o justo
com o ímpio! Longe de vós tal pensamento! Não exerceria o Juiz de toda a
terra a Justiça? O Senhor disse: Se eu encontrar em Sodoma cinqüenta
justos, perdoarei a toda a cidade em atenção a eles. Abraão continuou:
Não leveis a mal, se ainda ouso falar ao meu Senhor, embora eu seja pó e
cinza. Se porventura faltar cinco aos cinqüenta justos (...) Abraão
replicou: Que o Senhor não se irrite se falo ainda uma última vez: Que
será se lá forem achados dez? E Deus respondeu: Não a destruirei por
causa desses dez. E o Senhor retirou-se, depois de ter falado com
Abraão, e este voltou para a sua casa. ”
Tomado a posição de intercessor do povo na qual Abraão se colocou,
ressaltamos, com este texto, uma característica no relacionamento entre
Abraão e Deus: Eles eram íntimos. Deus havia tomado a decisão de
destruir Sodoma, por causa do seu pecado e Ele sentiu a necessidade de
que Abraão soubesse disso. Ao saber disso Abraão conversa com Deus
através da intercessão, coloca aquilo que ele sente, argumenta e deixa a
decisão final para Deus.
É assim, como Abraão, que os intercessores de hoje devem agir.
Primeiramente devem estar na escuta de Deus que a qualquer momento vai
lhes falar, para lhes comunicar suas decisões.
Isso acontece num ato de profundo amor de Deus para o homem. Ele suscita
ao homem a interpelar diante dele como imagem de seu Filho Jesus na
cruz que se coloca entre o céu e a terra, entre Deus e a humanidade. E o
intercessor carismático, ao argumentar, diante do Pai amoroso, por seu
povo amado, deixa-se levar pela oração intercessora que toca o mais
profundo do seu amor e assim Ele cede deixando-se levar por sua
misericórdia, impulsionado pelo seu grande amor.
Outra características dos intercessores é buscar os interesses do Pai, a
exemplo de Abraão que diz: “Não fará justiça o juiz de toda a terra?”. E
se caminharmos através da Bíblia veremos em Gn 20,3-7 e Gn 20,17 como
Abraão se colocou como intercessor e poderemos, espelhados nele, fazer
crescer o nosso ministério. É no livro do êxodo onde vamos encontrar o
verdadeiro ministério de intercessão na pessoa carismática de Moisés.
Moisés é o amigo íntimo de Deus. Trazia em si a fundamental
característica do intercessor, que é esta intimidade. Ele encarna em si
todas as característica que são natas, essenciais e vitais ao
intercessor. Moisés é conhecido por argumentar diante de Deus em favor
de seu povo, porque amava a Deus e conhecia o seu amor. Moisés acalmava o
coração ferido de Deus e por isso confortava-lhe. Em Ex 32,33 e 34 é
que vamos encontrar o ponto alto onde todas as características que
mencionamos acima vão se evidenciar.
Como fez com Abraão, o Senhor confidencia a Moisés, pois esta é a sua maneira de conversar com os intercessores.
Quando Deus compartilha as dores de seu coração com seu escolhido (o
intercessor), o que este pode fazer é transbordar o seu amor pelo Pai e,
através da adoração, consolá-lo. Esta é a plenitude do relacionamento
carismático do intercessor com Deus. E é neste relacionamento que o
intercessor vai aplacar o coração ferido de Deus.
Em Ex 32,1-14 vamos presenciar o episódio onde Moisés, no Monte Sinai,
se encontra com Deus. Devido a insegurança do deserto e a sua própria
fraqueza carnal, o povo já não vê Moisés, nem a imagem de Deus que ele
transmitia para aquele povo tão frágil. Por causa disso, o povo constrói
um bezerro de ouro, o proclama Deus e o adora. O coração de Deus ficou
em profunda ferida. O seu povo amado estava em adultério e o havia
abandonado. E é neste momento que o Senhor fala com Moisés, que nada
sabia do que estava acontecendo, e diz: “Vai, desce, porque o teu povo,
que fizeste sair da terra do Egito, perverteu-se. Depressa se desviou do
caminho que eu lhes havia ordenado... Tenho visto a este povo: é um
povo de dura cerviz. Agora, pois, deixa-me para que se acenda contra
eles a minha ira e eu os consuma e farei de ti uma grande nação. Moisés,
porém, suplicou a Iahweh seu Deus e disse: Por que, ó Iahweh, se acende
a tua ira contra teu povo, que fizeste sair do Egito?... Por que os
egípcios haveriam de dizer: Ele os fez sair com engano?... Abranda o
furor da tua ira e renuncia ao castigo com o qual havia ameaçado o
povo”.
É incrível vermos num texto, de maneira tão certa, a concretização de
tudo quanto nos inspira o Espírito Santo a falar acerca do intercessor. É
maravilhoso vermos o poder de Deus agindo tão fortemente através da
oração de intercessão. Ainda podemos aprofundar a nossa compreensão
sobre ministério de intercessão em textos como Ex 32,30-35; Ex 33,13-17 e
Ex 34,8-10, e meditando com eles o Senhor nos levará ao entendimento
profundo da intimidade dele com o intercessor.
No livro do profeta Isaías, nós encontramos textos que nos farão
compreender profundamente o ministério de intercessão. Em Is 62,6 vemos:
“Sobre os teus muros, ó Jerusalém, postei guardas; eles não se calarão
nem de dia, nem de noite”. Vemos neste texto que é um desejo do coração
de Deus, e mais que um desejo é uma promessa, que não faltará aos seus
escolhidos (pessoas e obras), intercessores, sentinelas que jamais se
calarão. São esses os intercessores que o Senhor deseja, homens que não
descansem e nem dêem a Ele descanso “até que se estabeleça Jerusalém”.
É uma outra característica forte do intercessor. Ele não desiste
facilmente e se apóia firmemente nas promessas do próprio Deus, naquilo
que Ele próprio prometera.
No livro do profeta Ezequiel, o Senhor se queixa e o seu coração se
encontra muito triste por não ter encontrado um só intercessor, como
vemos: “Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na
brecha perante mim a favor desta terra, para que eu não a destruísse;
mas a ninguém, achei”.
Por isso se faz urgente em nossos grupos, comunidades, etc, que surjam
intercessores para tapar as brechas do que são os pecados e as fraquezas
de seu povo. Não são os grupos, as comunidades que clamam por
intercessores, mas é Deus quem os procura, ansiosamente. É ele quem os
quer, quem os deseja.
Para você que lê este artigo, no seu grupo, na sua comunidade, você não
pode mais deixar o Senhor esperar. Forme, anime o ministério de
intercessão e a voz do Senhor se fará ouvir com muito maior constância e
as coisas caminharão com maior liberdade.
No novo testamento vemos como São Paulo, quando escreve aos efésios,
exorta-os a intensificar o ministério de intercessão, isto é, fazê-lo
crescer, quando diz: “Intensificai as vossas invocações e súplicas. Orai
em toda circunstância, pelo Espírito, no qual perseverai em intensa
vigília de súplica por todos os cristãos”. (Ef 6,18). Também repete a
mesma coisa aos Filipenses quando diz: “Não vos inquieteis com nada! Em
todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações,
mediante a oração, as súplicas e a ação de graça” (Fl 4,6). Paulo,
ainda, confiando no ministério de intercessão dos colossenses, anima-os e
pede a intercessão por ele: “Sede perseverantes, sede vigilantes na
oração, acompanhada de ações de graça. Orai também por nós. Pedi a Deus
que dê livre curso à nossa Palavra para que possamos anunciar o
ministério de Cristo” (Col 4,2-3).
Certamente Paulo era bem conhecedor daquele trecho da profecia de
Ezequiel que anteriormente meditamos com ele. E vendo a necessidade, e
sabendo como Deus procura as sentinelas, os intercessores, era que ele
exortava as comunidades às comunidades a terem firme e perseverante este
ministério, que seria para ele sustentáculo, alicerce em relação a
vontade de Deus.
Ainda falando dos intercessores vemos através do livro do Apocalipse que
eles terão a função importantíssima na vida dos salvos: “Adiantou-se um
outro e pôs-se junto do altar, com um turíbulo de ouro na mão.
Foram-lhes dados muitos perfumes para que os oferecesse com as orações
de todos os santos no altar de ouro que está diante do trono. A fumaça
dos perfumes subiu da mão do anjo junto com a oração dos santos, diante
de Deus.”
A oração dos intercessores subirá ao trono de Deus, juntamente com a
fumaça que sairá dos turíbulos que os anjos trarão na mão como
sacrifício de agradável odor ao Senhor.
Nota-se que no livro do Apocalipse os intercessores são chamados de
“santos” dando-nos a entender que os íntimos de Senhor são os santos,
aqueles que se deixam encher pelo Espírito Santo e se santificar.
O MINISTÉRIO INTERCESSOR DE JESUS
Jesus é o intercessor por excelência, aliás, Ele é “o intercessor”. É
Ele que se coloca entre o céu e a terra na sua cruz como expiação pelos
nossos pecados. É dele que São Paulo fala em Rm 8,34: “Quem condenará os
escolhidos de Deus? Cristo Jesus, que morreu, melhor, que ressuscitou,
que está a mão direita de Deus, é quem intercede por nós”.
É dele também que nos fala São João em I Jo 2,1 quando diz: “Filhinhos
meus, isto vos escrevo para que não pequeis. Mas, se alguém pecar, temos
um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo. Ele é a expiação
pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de
todo o mundo”.
E o próprio Jesus se apresenta aos discípulos como intercessor quando
diz em Jo 14,12-14: “Em verdade, em verdade vos: aquele que crê em mim
fará também as obras que faço, e fará ainda maiores que estas: porque eu
vou para junto do Pai. E tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, vo-lo
darei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Qualquer coisa que
pedirdes em meu nome, vo-lo darei”.
Então, de posse destas três passagens nós vamos entender que Jesus é o
intercessor, nosso advogado de defesa diante do Pai. Jesus se oferece
como vítima imolada diante do Pai para pagar nossos pecados.
Nós dirigimos nossos pedidos ao Pai, que olha para Jesus e por causa de Jesus, Ele nos concede o que estamos desejando.
É por Jesus, só por Jesus, que o Pai atende aos intercessores. É Jesus
quem fica diante do Pai a interceder por nossos pecados. A Ele, nada o
Pai pode negar, pois, Ele todo já se deu ao Pai, para o resgate da
humanidade.
É por isso que o pedido do intercessor deve ser feito ao Pai em nome de
Jesus como nos manda a Sagrada Escritura em Jo 14,13; Jo 15,7; Jo
16,23-28.
MARIA, A INTERCESSORA:
Tomemos Jo 2,1-12.nesta passagem encontramos a narrativa das Bodas de
Caná. Esta festa de casamento que aconteceu na cidade de Caná na
Galiléia, teve as honrosas presenças de Jesus e Maria.
Maria, assumindo o seu papel de mãe da humanidade, assume nesta festa a
sua total maternidade. Como toda e qualquer mãe, Maria se preocupa com
aqueles seus filhos que anfitrionavam a festa pois o vinho deles havia
acabado. Ela por si própria nada podia fazer. Porém ela se lembra que
Deus a fizera bendita e que ela era agradável a Deus. Também ela se
lembra que Jesus estava naquela festa. Nada mais há para fazer do que se
dirigir a Jesus, pois tudo Ele pode e Maria bem sabia disso. Mas ela
apenas comunica a Ele. A decisão final cabe a Jesus, pois Ele é que é
Deus. Maria, porém, realiza um ato de fé, e se aproxima dos empregados
dizendo-lhes que façam o que Ele mandar, pois a fé dela lhe dizia que
Jesus ia se manifestar.
Maria, a grande mãe de Deus e nossa mãe, é aquela que, atenta às nossa
necessidades, apresenta-as a Jesus, deixando para Ele a decisão de
realizar ou não os prodígios, segundo a Sua vontade.
É essencial a nossa devoção filial à Virgem Maria. É algo que devemos
estar sempre buscando aperfeiçoar porque sempre precisamos mais.
Apresentemos a ela as nossas necessidades e tenhamos a certeza de que
enquanto nós levamos os nossos pedidos em bandejas de latão, Maria leva
os mesmos em suas bandejas de ouro. E porque é muito mais íntima do
Senhor que nós, muito mais ela saberá como atingir o coração de seu
amado Deus e de Seu amado Filho.
Como fez em Caná, Maria apresenta a Jesus nossas necessidades; e Jesus
as apresenta ao Pai, que dispensar-nos-á as graças de acordo com a sua
Vontade e os méritos de Jesus.
NOVE PASSOS PARA UMA INTERCESSÃO EFICAZ.
1. Que o coração esteja limpo diante de Deus, depois de ter dado tempo
ao Espírito Santo de convencê-lo do pecado ainda não confessado. Sl
65,18: “Se intentasse no coração o mal, não me teria ouvido o Senhor.”
2. Reconheça que você não pode orar sem a orientação e o poder do
Espírito Santo. Rm 8,26: “Outrossim, o Espírito vem em auxílio a nossa
fraqueza, porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém,
mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis.”
3. Renuncie as próprias idéias, desejos e preocupações por aquilo que se
deve orar. Prov. 3,5: “Que teu coração deposite toda confiança no
Senhor! Não te firmes em sua própria sabedoria”. Is 55,8: “Pois meus
pensamentos não são os vossos, e o vosso modo de agir não são os meus,
diz o Senhor”.
4. Peça a orientação do Espírito Santo, “buscai a plenitude do Espírito”
(Ef 5,18 ) e agradeça-o pois “sem fé é impossível agradá-lo” (Heb
11,6).
5. Louve o Senhor agora, na fé, pelo ministério maravilhoso que Ele lhe concede.
6. Seja agressivo com o inimigo. Vá contra Ele com o poderoso nome de
Jesus e com a “espada do Espírito”, que é a Palavra de Deus. Tg 4,7:
“Sede submissos a Deus. Resisti ao demônio e ele fugirá para longe de
vós.”
7. Espere, em silêncio expectante na obediência e na fé, que o Senhor
lhe fale. Jo 10,27: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço e
elas me seguem”.
8. Use a Sagrada Escritura para orientação e confirmação. Sl 118,105:
“Vossa Palavra é um facho que ilumina meus passos. É uma luz em meu
caminho”.
9. Quando terminarem as intercessões, louve e agradeça ao Senhor pelo
que Ele fez lembrando-se de que “tudo é dele, por Ele e para Ele. A Ele a
glória pelos séculos.” (Rm 11,36).
Fortalecei minha alma, preparando-a primeiro, ó Bem de todos os bens! Ó
meu Jesus! Em seguida ordenai os meios de fazer eu alguma coisa por vós.
Já não há quem suporte receber tanto sem nada pagar. Custe o que
custar, Senhor, não permitais que me apresente diante de vós com as mãos
tão vazias, pois o prêmio será de acordo com as obras. Eis aqui minha
vida, eis aqui minha honra e minha vontade. Tudo já vos dei. Sou vosso.
Disponde de mim como quiserdes.
O DOM DE LÍNGUAS E O MINISTÉRIO DE INTERCESSÃO.
“Outrossim, o Espírito vem em auxílio a nossa fraqueza, porque não
sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo
intercede por nós com gemidos inefáveis, e Aquele que perscruta os
corações sabe o que deseja o Espírito, que intercede pelos cristãos
segundo a vontade de Deus”. (Rm 8,26-27)
O Espírito Santo que mora em nosso coração é fruto da plenitude do Amor
que há entre o Pai e o Filho. E este Espírito que nos foi dado para
nossa santificação vem auxiliar a nossa fraqueza. Quando a vontade de
Deus parece obscura para nós, quando não entendemos os desígnios de Deus
para a nossa vida, ou para a vida do irmão por quem intercedemos,
podemos, com toda certeza, orar na língua do Espírito Santo e deixar que
os “gemidos inefáveis” cheguem ao Trono de Deus, na certeza de que o
Espírito só intercede dentro da vontade de Deus e jamais sairá dela.
Com isto, vimos que o dom das línguas, sinal que acompanha os discípulos
de Jesus é o próprio Espírito orando em nós. O ministro de intercessão
jamais poderá deixar de orar nesta língua, porque ele tem a certeza de
que o Espírito Santo caminha muito além do que se pode perceber ou
experimentar, pois Ele penetra até mesmo as profundezas de Deus. (I Cor
2,10).
CONCLUSÃO
Este artigo cumprirá o seu objetivo se as pessoas que o lerem o levarem
os seus grupos ou comunidades que já têm o ministério de intercessão a
se aprofundarem no estudo e na escuta do Senhor. E também, se os grupos
que não têm o ministério de intercessão sentirem-se por ele motivados a
iniciarem este ministério que está no coração de Deus, ansioso por
atuarem em nosso meio.